Ufal rende homenagens com títulos de Professor Emérito e Doutor Honoris Causa

Abel Galindo, Márcio Callado, Roberaldo Souza e Francisco Vieira (in memoriam) foram os agraciados em cerimônia no auditório da Reitoria

Por Izadora García – relações públicas / Fotos Renner Boldrino e Izadora García
- Atualizado em 30/05/2025 18h54
Mesa de honra presidida pelo reitor Josealdo Tonholo na solenidade de entrega dos títulos honorífcios
Mesa de honra presidida pelo reitor Josealdo Tonholo na solenidade de entrega dos títulos honorífcios

Na tarde da última quarta-feira (28), Abel Galindo e Márcio Callado receberam títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Na mesma ocasião, os docentes aposentados Roberaldo Souza e Francisco Vieira (in memorian) foram reconhecidos como professores eméritos da instituição.

As honrarias foram concedidas pelo Conselho Universitário, em setembro de 2024, a partir de propostas do Centro de Tecnologia (Ctec) e do Instituto de Matemática (IM). Os professores foram reconhecidos por suas trajetórias acadêmicas e, especialmente, pela dedicação ao progresso da Universidade, além do legado deixado nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

O título de Professor Emérito é uma distinção concedida a docentes aposentados que se destacaram no ensino, na pesquisa ou que contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento da Ufal. A homenagem reconhece a excelência acadêmica e o legado deixado pelos profissionais. Já o título de Doutor Honoris Causa é destinado a personalidades de destaque em suas áreas de atuação, cujas contribuições são reconhecidas, independente da obtenção de um doutorado tradicional.

Docentes, alunas e alunos do Ctec e do IM e familiares dos agraciados participaram da homenagem, que foi marcada por muita emoção. Também estiveram presentes estudantes que ingressaram na Universidade graças ao Programa de Apoio aos Estudantes das Escolas Públicas do Estado (Paespe), comandado pelo professor Roberaldo Souza.

A cerimônia aconteceu no auditório da Reitoria e contou, ainda, com a participação de Eros Caramori como atração musical, homenageando o avô, Márcio Callado. Os diretores Isnaldo Barbosa, do Instituto de Matemática, e Vladimir Caramori, do Centro de Tecnologia, falaram sobre a importância de reconhecer a dedicação de uma vida inteira à docência e, especialmente, às pessoas.

“Com imensa honra e coração transbordando de gratidão, é que estamos aqui para celebrar a vida e o legado do professor Francisco Vieira Barros, o Chico Potiguar. Eu falo como uma pessoa que teve a vida tocada por um educador que transformava todos que estavam ao seu redor. Esse tipo de celebração é importante para que a gente possa reconhecer quem se dedica a mudar o mundo por meio da educação”, afirmou Barbosa.

“A história desses homenageados se confunde com a história do Ctec. E aqui incluo o professor Chico Potiguar que originalmente era do IM, mas que foi fundamental para a construção de uma parceria entre os dois institutos. Estamos celebrando também os 70 anos do curso de Engenharia Civil que, junto com a Medicina e o Direito, fez parte do nascimento da Universidade Federal de Alagoas”, relembrou Vladmir Caramori.

“Quando a Ufal homenageia esses quatro docentes, toda a sociedade é homenageada. Essas trajetórias não foram importantes de maneira isolada. Eles contribuíram para o Ctec ser o que é hoje. Com orgulho, podemos dizer que temos a 5ª maior nota do país em 927 cursos de Engenharia avaliados pelo MEC. Essa conquista vem, essencialmente, dos esforços de quem faz parte do curso, vem desses professores e de quem aprendeu com eles. São 70 anos de muita dedicação. O Ctec hoje se sente gigante pela homenagem e por essas pessoas que dedicaram a vida a ele”, concluiu.

Trajetórias que mudaram vidas

Unidos por uma grande paixão pelo ensino, Roberaldo Souza e Francisco Vieira continuaram a se dedicar à Universidade, mesmo após a aposentadoria. Arnon Tavares falou sobre Francisco Vieira Barros, contando curiosidades sobre sua trajetória acadêmica e relembrando as contribuições do docente para a Ufal. Barros, mais conhecido como Chico Potiguar, faleceu na última semana, vítima de um AVC, aos 84. O docente, mesmo aposentado, atuava como professor voluntário na Universidade.

“É profundamente lamentável não poder contar com sua presença neste momento. Um ser humano raro que deixou marcas profundas em todos que tiveram o privilégio de, com ele, conviver. Mais que ensinar conteúdos, ele ensinava pelo exemplo de profissional sério e compromissado com a educação como um fator de mudança de vidas”, continuou.

Tereza Barros representou a família e recebeu a honraria pelo irmão. “Em nome da nossa família, e com o coração profundamente tocado, estou aqui, nesta casa, que por tantos anos foi a casa do meu irmão, para esta homenagem”, iniciou.

“O ensino nunca foi uma profissão, foi sua missão, seu modo de existir no mundo. E que bela existência! Quantas vidas o meu irmão transformou? Nunca saberemos ao certo. Mas sabemos que ele o fez de forma silenciosa, generosa e sincera. Não falo apenas como irmã, mas como representante das pessoas que os amaram, o respeitaram e tiveram suas vidas tocadas e transformadas por ele. A sua cátedra não foi um trono de vaidade, mas um altar de serviço”, concluiu.

Revisitar a história

Roberaldo Souza foi o segundo homenageado da noite. O professor aposentado é o principal responsável pelo Paespe, iniciativa que atende estudantes de escolas públicas socialmente vulneráveis, com atividades educativas semanais, preparatório para vestibular e diálogo com os pais.

“Celebrar a trajetória do professor Roberaldo é, em certos aspectos, revisitar a história do nosso Centro de Tecnologia. Poucos docentes contribuíram tanto para a pesquisa, a extensão, o ensino e a vida acadêmica, como o nosso querido Roberaldo”, afirmou Antônio Xavier.

“E é impossível falar dele sem mencionar sua obra mais transformadora: o Paespe. Criado por Roberaldo em 1993, já formou gerações inteiras de jovens. Ensinando não apenas para o vestibular, mas para a vida. Por tudo que você construiu e semeou, o nosso muito obrigado”, destacou.

“Foram quase 40 anos de dedicação à formação de engenheiros no estado de Alagoas. Tenho certeza que acertei nas minhas escolhas. É muito bom ser reconhecido. Aqui, nessas ocasiões, mas principalmente quando um ex-aluno chega e fala como a gente tocou, como a gente foi capaz de mudar uma trajetória”, afirmou professor Roberaldo.

Dedicação e transformação

As histórias de Márcio Callado e Abel Galindo se confundem com a história do Centro de Tecnologia da Ufal. Cinco anos após o início das atividades do Ctec, em 1960, Márcio Callado passou a atuar como professor voluntário não-remunerado no curso de Engenharia Civil, lecionando a disciplina de Hidráulica Aplicada. Ele seguiu conciliando seus projetos como engenheiro e docente, até se aposentar.

Abel Galindo concluiu os estudos na Ufal em 1974. Três anos depois, já era docente na instituição. Essas duas figuras se consagraram como grandes nomes e referências da Engenharia no estado e no Brasil.

“Aos 91 anos, lúcido, é um dos poucos professores voluntários que ainda está por aqui e muito disposto a colaborar. Seu exemplo sempre norteou a minha vida. Foi uma pessoa fundamental no desenvolvimento do estado de Alagoas. Fundou a Casal, sendo o primeiro diretor técnico. Trabalhou em inúmeros projetos que auxiliaram diretamente a população. Mas a educação sempre foi sua paixão”, afirmou Nélia Callado, docente do Ctec e filha de Márcio.

A professora relembrou a trajetória do pai, marcada por projetos ousados e pela preocupação com a qualidade de vida das pessoas. “Agradeço pelo reconhecimento ao meu trabalho e à minha vida, que dediquei à engenharia alagoana”, afirmou professor Márcio.

Abel Galindo é um dos nomes mais importantes da engenharia civil alagoana. Nos últimos anos, o professor recebeu diversos reconhecimentos devido ao diagnóstico precoce da situação do afundamento dos bairros, devido à exploração de sal-gema pela mineradora Braskem.

“Recebo o título com uma gratidão profunda. É, sem dúvidas, um dos momentos mais emocionantes da minha trajetória acadêmica. A Ufal, nesses 39 anos, nunca foi considerada um local de trabalho para mim. Mas sim um local onde eu pude crescer e onde eu pude contribuir com a minha experiência”.

O reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, encerrou a cerimônia falando sobre como a força de trabalho é um dos principais ativos da Universidade. “Nossos professores, nossos técnicos, nossa gente: são essas pessoas o que há de mais precioso na nossa Ufal. Fazemos, mesmo com todas as adversidades, e seguiremos fazendo”, concluiu.

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