Ufal lamenta morte de professor que contribuiu com pesquisas da Química

O belga Julien Boodts foi referência no país e ajudou a Ufal a estruturar projetos de eletroquímica e produtos naturais

Por Manuella Soares - jornalista
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Professor Julien Boodts (C), durante participação na SBQ de 1998 em Poços de Caldas
Professor Julien Boodts (C), durante participação na SBQ de 1998 em Poços de Caldas

A comunidade acadêmica do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) lamentou o falecimento, na quinta-feira (4), de um de seus grandes colaboradores na jornada científica, o professor Julien Françoise Coleta Boodts. A cerimônia de despedida ocorreu no Memorial Bom Pastor, em Ribeirão Preto (SP).

O reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, expressou seu pesar pelo falecimento desse pesquisador de destaque, que teve papel fundamental na história da ciência no Brasil. Ele, que nasceu na Bélgica, chegou ao Brasil na década de 1960 para contribuir na estruturação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, integrando um grupo de sete belgas que participaram dessa missão pioneira.

“Durante todo o seu período de vida lá em Ribeirão Preto, ele sempre foi extremamente proativo na atividade de pesquisa, no momento em que isso era extremamente incipiente no país, particularmente na área de eletroquímica, e ele conseguiu ajudar a estruturar os primeiros programas de pós-graduação nessa área, no Brasil”, destacou Tonholo.

Anos mais tarde iniciou sua relação com a Ufal, onde ajudou a consolidar o grupo de pesquisa em eletroquímica e produtos naturais, junto com os professores Marília e Euzébio Goulart, promovendo a cooperação entre as instituições e apoiando a aquisição de equipamentos essenciais para o avanço da pesquisa na universidade alagoana.

Sua parceria foi marcada por orientação de estudantes, realização de projetos conjuntos e cursos, além de uma amizade que ajudou a alavancar a pesquisa local na área de Química. O reitor da Ufal foi um dos orientandos de Julien na iniciação científica, no mestrado e doutorado.

“Professor Julien era conhecido por duas características muito fortes: Primeiro que ele era um exímio experimentador, uma pessoa que dentro do laboratório dominava absolutamente tudo e nós brincávamos que ele sentia cheiro de coisa errada à distância no laboratório e chegava para interceder na hora que mais precisava para que a gente não perdesse os experimentos. Tinha uma habilidade muito grande com equipamentos e uma facilidade muito grande na manipulação de produtos e de preparos de soluções. E de outro lado, era um professor com P maiúsculo, porque as aulas dele eram aulas show. Era apaixonado pelas disciplinas, particularmente de química analítica, as disciplinas de eletroquímica na área de técnicas eletroanalíticas e mecanismos de reação. E a Ufal, em síntese, deve muito respeito ao legado que o professor Julien nos deixou”, disse o reitor ao lembrar com carinho do seu orientador.

Julien Boodts era professor titular aposentado do Departamento de Química da FFCLRP-USP, publicou centenas de trabalhos em revistas qualificadas, fez quatro pós-doutorados em instituições internacionais e foi um dos grandes expoentes mundiais na área de óxidos condutores para revestimento de eletrodos para produção de cloro. Ele também foi pioneiro na técnica de impedância faradaica na década de 1980 e formou muitos pesquisadores no Brasil, entre eles, o reitor Josealdo Tonholo e a professora da Ufal Carmem Lúcia Zanta.

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