Projeto Imersão, por Genival Viana

Nesta terceira semana de nosso Projeto, o estudante de Medicina, Genival Viana, relata como lida com o tempo, a distância e os altos custos de viver em Adelaide, uma cidade australiana entre as mais caras do mundo


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Genival Viana em Glenelg Beach, Adelaide
Genival Viana em Glenelg Beach, Adelaide

Sou Genival Viana, tenho 21 anos e curso Medicina na Universidade Federal de Alagoas. Atualmente estou morando em Adelaide, Sul da Austrália, e fazendo um curso de inglês preparatório para Universidade na Tafe SA, uma empresa governamental. Em fevereiro irei para a University of South Australia (Unisa). 

Resolvi escolher esse país devido ao fato de ter um expressivo Índice de Desenvolvimento Humano, apesar de ter história recente, o que é reflexo de sua colonização e cultura. Assim como o Brasil, o território é gigantesco, esbanjando uma natureza radiosa, pronta para ser explorada, um território pouco visitado por brasileiros por causa da distância e dos preços nada acessíveis.

Adelaide tem uma população aproximadamente do mesmo tamanho que Maceió, entretanto, com enormes diferenças: a cidade foi completamente planejada (não há problemas com trânsito), é muito limpa, cuidada e arborizada; quase não se ouve falar de violência, ou de mendigos. Ela foi eleita a melhor cidade do mundo para se morar em 2012. O “salário mínimo” é um dos mais altos do mundo, refletindo no poder de compra de cada indivíduo, sendo tudo muito caro, principalmente o setor de serviços.

O curso que estou fazendo tem duração de 20 semanas, abrange itens necessários para o estudante entender como funciona a Universidade e seus métodos de avaliação. Os professores são muito ativos quanto à orientação e acompanhamento das turmas, cada uma tem cerca de 15 alunos, porém, achei um déficit quanto a essa questão, pois todos os companheiros de turma são brasileiros, o que muitas vezes interferindo na qualidade da experiência vivenciada, o que provavelmente não acontecerá quando adentrar na Universidade.

A experiência está sendo muito engrandecedora, a vivência de uma cultura mais evoluída socialmente muda muitos conceitos, antes ignorados, por ir na mesma direção de um senso comum menos favorecido de consciência crítica. Aqui existe um gerenciamento de tempo muito eficaz, tudo tem seu tempo, basta você se organizar.

O clima é muito interessante: no verão, a temperatura chega a quase 45°C e o dia pode durar 15 horas, anoitecendo, entre 20h30 e 21h. Já no inverno, a temperatura pode chegar a 0°C e o dia durar menos de 10 horas, amanhecendo por volta de 7h e anoitecendo às 17h. As estações são bem nítidas e suas transições são muito notadas devido ao grande número de parques e áreas verdes na cidade, sendo muito comum ver muitas pessoas desfrutando disso, seja para relaxar, aproveitar o tempo ou praticar esportes.  

Nem tudo é bom, a saudade das pessoas que gostamos é o que mais atrapalha, além de estar do outro lado do planeta, o fuso horário está 13h30 adiantado. Porém, quando você pensa no engrandecimento pessoal e de todos que estão apoiando, isso tudo vale a pena.