A etno-historiografia alagoana presente na Bienal

A etno-historiografia alagoana estará em debate durante a IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no Centro de Convenções. No dia 7 de novembro, sábado, a partir das 10h, na sala Dermeval Saviani, será realizada uma mesarredonda com o tema “Índios de Alagoas”, sob a coordenação de Luiz Sávio de Almeida e Amaro Hélio Leite da Silva.


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Índios na sede da Funai em Maceió
Índios na sede da Funai em Maceió

Participam como debatedores: Ivan Soares Farias, com o tema “etno-história e etnicidade dos índios Jeripankó do alto sertão de Alagoas”; Jorge Luiz Gonzaga Vieira e João Daniel Batista Maia, com o tema “Jornalismo impresso em Alagoas e a diversidade cultural: Monoculturalismo eurocêntrico e a etnogênese Koiupanká”; e Aldemir Barros da Silva Júnior, que fala sobre “As sutilezas de uma voz autorizada”; Gilberto Ferreira, sobre educação indígena.

Ainda no sábado, às 19 h, será lançado o livro Índios de Alagoas: cotidiano, terra e poder (Coleção Índios do Nordeste: temas e problemas, v. 11), organizado por Luiz Sávio de Almeida e Amaro Hélio Leite da Silva, no Café Literário (em frente ao estande da Edufal).

Durante o lançamento, o MST, a CPT e o Cimi vão realizar uma homenagem aos pesquisadores Sávio de Almeida, Cícero Albuquerque e José Nascimento França, pelo apoio prestado aos movimentos dos sem terra e indigenista.

Uma homenagem ao antropólogo Claude Lévi-Strauss

O jornalista e indigenista, Jorge Vieira, com artigo publicado no livro que será lançado neste sábado, homenageou a memória do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, que morreu em plena realização da IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no dia 3 de novembro. “Próximo a completar 101 anos de vida, o estruturalista Claude Lévi-Strauss, reconhecido como ícone da Antropologia no século XX, destacou-se como um dos professores fundadores da Universidade de São Paulo (USP) e, principalmente, pela pesquisa entre indígenas do centro-oeste brasileiro, contribuindo, assim, com uma nova visão sobre essas populações tradicionais”, lembrou o jornalista.

A memória das populações indígenas

Jorge Vieira*

A memória escrita sobre as populações indígenas em Alagoas remetem a relatos, documentos eclesiásticos e a notícias do período Colonial às pesquisas desenvolvidas por historiadores, antropólogos, estudantes de graduação e pós-graduação das Instituições de Ensino Superior (IES) de Alagoas e de outros estados brasileiros.

Inicialmente, considerando os trabalhos de caráter histórico, destacam-se os escritos de Estevão Pinto na década de 1940 e do professor Clóvis Antunes (então padre católico) sobre os indígenas de Alagoas, na década de 1970, publicou o livro Índios de Alagoas. Esta obra provocou profunda repercussão na luta e organização das populações, tornando referência para a militância indigenista. Segundo relato do autor, o interesse pelo assunto começou por acaso: “encontrava-se em casa, quando chegou o então prefeito de Palmeira dos Índios e um pesquisador estadunidense, querendo ter contato com o povo Xucuru-Kariri, para obter informações sobre a origem da linguagem. Na aldeia, com as lideranças, fazia a tradução. Nesse processo, questionou-se: como um estrangeiro vem de tão longe para pesquisar, enquanto que os índios tão próximos e os alagoanos não a fazem!”

As publicações de cunho científico aparecerão posteriormente com antropóloga Clarice Novaes na pesquisa de doutorado em Kariri-Xokó, Porto Real do Colégio. Na década de 1990, um grupo de estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) – dentre eles o autor deste artigo -, coordenado pelo professor Luiz Sávio de Almeida, organizaram uma pesquisa socioeconômica com o povo Karapotó, no município de São Sebastião.

A partir daí, uma série de publicações foi realizada na coleção Índios do Nordeste: Temas e Problemas, chegando ao XI volume nessa Bienal do Livro. Enquanto isso, monografias de graduação e de pós-graduação lato sensu, artigos científicos, dissertações de mestrados e tese de doutoramento foram defendidas e publicadas.

Apesar do triunfo dos vencedores, se escuta os gemidos dos vencidos e ressoam vozes clamando por justiça.

* Jornalista diplomado pela Ufal e professor do Cesmac

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