Marina Silva enfatiza importância estratégica das universidades no contexto ambiental


- Atualizado em 06/05/2024 15h32
Senadora Marina Silva no Pleno da Andifes
Senadora Marina Silva no Pleno da Andifes

Ana Paula Vieira – Andifes

A senadora Marina Silva (PV/AC), palestrante da 6ª Edição do Ciclo de Debates “Cenários do Brasil para os próximos 20 anos e o papel da Educação Superior”, defendeu a importância da atuação estratégica das universidades federais nas discussões e desenvolvimento de novas tecnologias para a questão ambiental. Ela falou à platéia de reitores no Conselho Pleno da Andifes nesta quarta-feira, 24 de março.

Segundo a senadora, pensar os cenários para o Brasil nos próximos 20 anos é uma tarefa complexa, pois atualmente as transformações ocorrem de maneira muito rápida. Porém, Marina Silva ressaltou que alguns problemas são duradouros, como a crise ambiental, e a partir daí concentrou sua fala em defesa da causa pela qual milita há 30 anos, durante sua trajetória política.

Nascida e criada em um seringal no Acre, Marina Silva defende o princípio da precaução. De acordo com ela, a questão ambiental é algo irreversível, e por mais que alguns cientistas defendam que o aquecimento global não ocorre, ela defende a postura da precaução. “Se no futuro cientistas comprovarem que não há problemas, pelo menos teremos melhorado a forma de produzir, consumir, criado novas tecnologias, novas práticas, protegido a biodiversidade, descoberto novas formas de energia. Não terá sido em vão só por esse aspecto”, alertou a senadora.

A senadora afirmou que até 2020 a redução da emissão de CO2 deve chegar a 50%. Neste sentido, ela acredita que este deve ser o século da integração entre as questões social, econômica e ambiental, o que acarreta desafios e oportunidades inéditas. “Não dá mais para atingir o bem-estar atingido pelos Estados Unidos e pela Europa. Hoje, se formos desejar o mesmo padrão, precisaríamos de quatro planetas Terra. A emissão de um americano equivale à de 25 chineses”.  Para a senadora, isso acarreta um problema ético, pois esse modelo de desenvolvimento não pode ser universalizado e também não pode ser visto eticamente, ou estaria sendo admitido que existem cidadãos de primeira e segunda classe.

Para a Senadora, o exemplo da Revolução Verde, que usou o conhecimento e as tecnologias para criar novas práticas, deve ser retomado agora, diante dos novos desafios. Neste contexto, Marina SiIva destacou a atuação das universidades como fundamental: “Existe um esforço que as universidades precisam fazer: arranjar meios para debelar as causas e os efeitos das mudanças climáticas”, explicou Marina, ressaltando que essa postura não implica em barrar o crescimento.

De acordo com Marina Silva, é importante cada vez mais pensar a Educação como alavanca para o desenvolvimento de uma nação, citando o exemplo da criação de novas tecnologias para geração de energia. Sobre o papel das universidades, a senadora defendeu que o Brasil está no caminho errado quando fala em transferência de tecnologia, pois ele próprio deve produzir conhecimento, tecnologia e inovação. “Não se trata de compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento. Trata-se de integrar. Como fazer essa integração é uma pergunta para as universidades”, provocou Marina.

O presidente da Andifes Alan Barbiero enfatizou que as universidades tem uma preocupação muito grande com o desenvolvimento nacional e a inserção do Brasil no mundo globalizado, não somente do ponto de vista econômico, mas também do social. O presidente enfatizou o momento de expansão pelo qual passam as universidades federais, praticamente duplicando a oferta de vagas, saindo de 600 mil matrículas para 1 milhão. “Queremos atuar nesse protagonismo, como instrumento estratégico. Temos muito claro que nosso papel não é apenas formar técnicos”, lembrou o reitor Alan Barbiero.

Candidatura

Questionada sobre sua candidatura à Presidência da República, Marina Silva opinou: “É uma luta de Davi contra Golias, claro que é; e eu tenho senso de realidade”. Segundo a senadora, o país avançou com a instituição de programas sociais que exigem a contrapartida da população e tiraram 25 milhões de pessoas da linha da pobreza, mas o atual gargalo do país é a inclusão produtiva.

Ciclo de Debates

O objetivo do Ciclo de Debates é receber autoridades políticas, especialistas, intelectuais para debater temas como cenários econômicos, meio-ambiente, ciências e tecnologia, qualidade da educação e da saúde pública, energia, relações internacionais, entre outros, buscando a interlocução com lideranças de diferentes áreas.

Ciro Gomes, Cristovam Buarque, Henrique Meirelles, Fábio Wanderley de Farias e Paulo Bernardo já participaram do evento. Nomes como Dilma Roussef, José Serra, Aécio Neves, José Sérgio Gabrielli, Marcio Pochmann, também já foram convidados para as próximas edições.

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.