Marina Silva enfatiza importância estratégica das universidades no contexto ambiental


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Senadora Marina Silva no Pleno da Andifes
Senadora Marina Silva no Pleno da Andifes

Ana Paula Vieira – Andifes

A senadora Marina Silva (PV/AC), palestrante da 6ª Edição do Ciclo de Debates “Cenários do Brasil para os próximos 20 anos e o papel da Educação Superior”, defendeu a importância da atuação estratégica das universidades federais nas discussões e desenvolvimento de novas tecnologias para a questão ambiental. Ela falou à platéia de reitores no Conselho Pleno da Andifes nesta quarta-feira, 24 de março.

Segundo a senadora, pensar os cenários para o Brasil nos próximos 20 anos é uma tarefa complexa, pois atualmente as transformações ocorrem de maneira muito rápida. Porém, Marina Silva ressaltou que alguns problemas são duradouros, como a crise ambiental, e a partir daí concentrou sua fala em defesa da causa pela qual milita há 30 anos, durante sua trajetória política.

Nascida e criada em um seringal no Acre, Marina Silva defende o princípio da precaução. De acordo com ela, a questão ambiental é algo irreversível, e por mais que alguns cientistas defendam que o aquecimento global não ocorre, ela defende a postura da precaução. “Se no futuro cientistas comprovarem que não há problemas, pelo menos teremos melhorado a forma de produzir, consumir, criado novas tecnologias, novas práticas, protegido a biodiversidade, descoberto novas formas de energia. Não terá sido em vão só por esse aspecto”, alertou a senadora.

A senadora afirmou que até 2020 a redução da emissão de CO2 deve chegar a 50%. Neste sentido, ela acredita que este deve ser o século da integração entre as questões social, econômica e ambiental, o que acarreta desafios e oportunidades inéditas. “Não dá mais para atingir o bem-estar atingido pelos Estados Unidos e pela Europa. Hoje, se formos desejar o mesmo padrão, precisaríamos de quatro planetas Terra. A emissão de um americano equivale à de 25 chineses”.  Para a senadora, isso acarreta um problema ético, pois esse modelo de desenvolvimento não pode ser universalizado e também não pode ser visto eticamente, ou estaria sendo admitido que existem cidadãos de primeira e segunda classe.

Para a Senadora, o exemplo da Revolução Verde, que usou o conhecimento e as tecnologias para criar novas práticas, deve ser retomado agora, diante dos novos desafios. Neste contexto, Marina SiIva destacou a atuação das universidades como fundamental: “Existe um esforço que as universidades precisam fazer: arranjar meios para debelar as causas e os efeitos das mudanças climáticas”, explicou Marina, ressaltando que essa postura não implica em barrar o crescimento.

De acordo com Marina Silva, é importante cada vez mais pensar a Educação como alavanca para o desenvolvimento de uma nação, citando o exemplo da criação de novas tecnologias para geração de energia. Sobre o papel das universidades, a senadora defendeu que o Brasil está no caminho errado quando fala em transferência de tecnologia, pois ele próprio deve produzir conhecimento, tecnologia e inovação. “Não se trata de compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento. Trata-se de integrar. Como fazer essa integração é uma pergunta para as universidades”, provocou Marina.

O presidente da Andifes Alan Barbiero enfatizou que as universidades tem uma preocupação muito grande com o desenvolvimento nacional e a inserção do Brasil no mundo globalizado, não somente do ponto de vista econômico, mas também do social. O presidente enfatizou o momento de expansão pelo qual passam as universidades federais, praticamente duplicando a oferta de vagas, saindo de 600 mil matrículas para 1 milhão. “Queremos atuar nesse protagonismo, como instrumento estratégico. Temos muito claro que nosso papel não é apenas formar técnicos”, lembrou o reitor Alan Barbiero.

Candidatura

Questionada sobre sua candidatura à Presidência da República, Marina Silva opinou: “É uma luta de Davi contra Golias, claro que é; e eu tenho senso de realidade”. Segundo a senadora, o país avançou com a instituição de programas sociais que exigem a contrapartida da população e tiraram 25 milhões de pessoas da linha da pobreza, mas o atual gargalo do país é a inclusão produtiva.

Ciclo de Debates

O objetivo do Ciclo de Debates é receber autoridades políticas, especialistas, intelectuais para debater temas como cenários econômicos, meio-ambiente, ciências e tecnologia, qualidade da educação e da saúde pública, energia, relações internacionais, entre outros, buscando a interlocução com lideranças de diferentes áreas.

Ciro Gomes, Cristovam Buarque, Henrique Meirelles, Fábio Wanderley de Farias e Paulo Bernardo já participaram do evento. Nomes como Dilma Roussef, José Serra, Aécio Neves, José Sérgio Gabrielli, Marcio Pochmann, também já foram convidados para as próximas edições.