Novos professores são convidados a se “apaixonar” pelo sertão alagoano
“O sertão contagia”. Essa foi a afirmação da professora Edméia Nunes ao iniciar mais uma etapa do Programa de Inserção dos Novos Servidores, nesta segunda-feira, 1º de março, no auditório da Biblioteca Central. A abertura da semana de debates sobre as novas atividades docentes foi coordenada pela reitora Ana Dayse Dorea.
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Lenilda Luna - jornalista
Na ocasião, a reitora ressaltou mais uma vez a satisfação de receber os professores aprovados no concurso para o Campus Sertão, que será instalado em Delmiro Gouveia. “Vocês agora fazem parte de um momento histórico para essa universidade e para o Estado de Alagoas. Vão integrar o projeto de expansão e interiorização da Ufal, atendendo aos anseios de jovens de quatro estados, na região do Sertão”, disse a reitora.
Ana Dayse também destacou que a construção do campus Sertão é uma satisfação pessoal. “Como sertaneja, sei das dificuldades que enfrentei para cursar a universidade em Maceió. Eram dez horas de ônibus do sertão até a capital, e quando o rio Ipanema enchia, era preciso atravessá-lo de canoa, para pegar o transporte do outro lado”, lembrou a reitora.
A professora Elza Maria da Silva, coordenadora de cursos de graduação, que estava representando as Pró-reitorias, reforçou o depoimento da reitora. “Também sou sertaneja. Assim como a reitora, fiz um grande esforço para cursar a universidade na capital. Mas muitos amigos ficaram no interior sem essa possibilidade. Por isso, a interiorização representa tanto”, disse Elza.
Simone Ferreira, diretora do Campus Arapiraca, pode imaginar a expectativa dos novos professores do Sertão. “Há pouco mais de três anos, quando inauguramos o Campus Arapiraca, vivemos esta mesma ansiedade de iniciar um projeto pedagógico inovador no interior de Alagoas. Agora, vamos viver mais uma etapa importante dessa expansão. O Campus Arapiraca se coloca à disposição para contribuir com a consolidação do Campus do Sertão”, disse a diretora durante a abertura do programa.
Muitas mudanças e expectativas
Entre os quase 40 docentes aprovados em concurso para o Campus do Sertão, muitos vieram de outros Estados, outros são formados pela Ufal e agora se preparam para um novo momento de suas carreiras profissionais.
Ligia dos Santos Ferreira, formada em Filosofia, com mestrado e doutorado em Letras, está entre os docentes que tem uma trajetória acadêmica ligada à Ufal. Ligia tem inclusive alguma experiência como docente na instituição, já que estava atuando como professora substituta, sem vínculo efetivo. “Agora é diferente. Aprovada em concurso, passo a fazer parte do quadro efetivo. Ir para o Sertão é mais um desafio. Espero colaborar com a formação dos estudantes, mas também ser participativa na hora de buscar melhorias”, disse Ligia. Ela está buscando casa para morar em Delmiro Gouveia, e vai iniciar a docência em uma condição especial, já que está grávida de três meses do primeiro filho. “Vai nascer um sertanejo”, comemorou a professora.
Mudança radical também para a professora Ana Cristina Conceição Santos, formada em Pedagogia pela Uneb, mas com mestrado em Educação pela Ufal. “Eu atuava como professora das redes municipal e estadual em Salvador. Sempre morei no litoral, em uma capital de grande porte. Agora estou me preparando para atuar na universidade, numa região muito diferente da que estou acostumada”, relatou Ana Cristina.
Mas, apesar de alterações no ritmo de vida, a professora Ana Cristina estava animada e fez questão de reafirmar o compromisso com uma educação transformadora, além de ressaltar a grande oportunidade de colaborar com a expansão da universidade. “Além disso, se eu sentir saudades da Bahia, a cidade de Paulo Afonso está ali perto”, brincou a professora.
Aulas serão iniciadas mesmo com atraso nas obras
Logo após a abertura do programa de inserção, o professor Jorge Marcelo, do Núcleo de Arquitetura da Ufal, apresentou o projeto arquitetônico e paisagístico do novo Campus. Inicialmente, está sendo construído o bloco de apoio acadêmico e administrativo, onde vão funcionar as salas de aula, laboratórios, área administrativa e de infraestrutura, tendo ao todo 1.000m² de área construída. A outra parte do Campus do Sertão mede 6.300m² e só deve ficar pronta no segundo semestre de 2010.
A reitora destacou que, apesar do atraso nas obras, não é justo adiar as aulas para os 320 estudantes aprovados no primeiro vestibular do Campus do Sertão. “Já conseguimos uma escola da rede pública, onde faremos algumas intervenções, para garantir o início do ano acadêmico, até que o nosso Campus fique pronto”, disse a reitora. Sobre o atraso nas obras, a reitora informou aos novos docentes que, além de algumas dificuldades da construtora, o terreno onde o prédio está sendo erguido revelou-se ainda mais difícil do que a avaliação inicial. “A empresa construtora está dinamitando as pedras para erguer o prédio”, informou a reitora.
Inserção sócioeconômica
Ainda durante o primeiro dia do Programa, os docentes acompanharam um painel, coordenado pela professora Graça Tavares, com a participação do sociólogo Bruno César e do economista Cícero Pericles, para uma contextualização sócioeconômica do Sertão.
Na sequência, as professoras Sandra Lira e Cecília Junqueira abordaram as políticas governamentais e os arranjos produtivos para o sertão.
A Assessoria de Comunicação integrou também a programação da atividade institucional. A jornalista Márcia Rejane Alencar apresentou o projeto Agentes de Comunicação, que está em pleno desenvolvimento no Campus Arapiraca e Polos desde 2009, e, a partir deste ano, será implantado no Campus do Sertão.
“O projeto implantado e coordenado pela Ascom vem se consolidando como a principal ferramenta de comunicação entre o Campus Maceió e o Campus Arapiraca e Polos, divulgando atividades realizadas por aquela comunidade acadêmica de interesse da sociedade. O projeto vem promovendo e fortalecendo a comunicação interna e externa, contribuindo assim, com as ações de comunicação da Ufal”, diz Márcia.