Matemática: disciplina é incentivada na universidade
Investimentos na graduação de jovens alunos são vistos como saída para reverter estatística de 6 mil professores leigos no país
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Marcos Rodrigues - Gazeta de Alagoas, 20/06/2010
Na academia, a Matemática tem contado com outros incentivos. Nos últimos quatro anos, o trabalho tem sido voltado para capacitar professores da rede básica de ensino, segundo o diretor do Instituto de Matemática (IM), professor-doutor Amauri da Silva Barros. Isso porque dos 20 mil professores leigos (sem curso superior) que são apontados como existentes pelo Ministério da Educação (MEC), pelo menos 6 mil são de Matemática.
"Além disso, há os que cursaram outros cursos e assumiram a disciplina sem ter a graduação em Matemática. A eles é oferecida a oportunidade de estudar por meio de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e também com aulas presenciais”, detalhou Amauri.
Mas se por um lado o instituto assumiu a formação superior dos leigos, é no investimento na graduação que ele tem deslanchado. Seja com investimentos em espaços de pesquisa para formação de mestres e doutores, seja na interação através de pesquisas com outros departamentos. O resultado é que a Matemática desenvolvida por aqui é a 3ª melhor do Nordeste, conforme o Exame Nacional de Avaliação de Desempenho de Estudantes (Enade). Quando a Gazeta esteve no instituto, descobriu que ele dispõe de 20 doutores e 8 mestres.
O trabalho para atrair estudantes é o que mais fascina Amauri Barros. E não é para menos, já que os primeiros resultados do investimento nos ensinos básico e médio têm descoberto verdadeiras jóias. Uma delas é o professor Gregório Manoel da Silva Neto, 22 anos. Oriundo do antigo Centro Federal de Ensino Tecnológico, foi empossado, há dois meses, como efetivo, pouco depois de concluir o mestrado e iniciar o doutorado em Matemática.
Gregório conheceu o curso em 2005, depois de uma rápida passagem pelo curso de Física. Ele integrava o projeto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), que criou um Programa de Incentivo à Bolsa de Iniciação Científica Júnior - Pibic. "A ideia é aproximar os alunos do ensino médio, de escolas públicas, da universidade, e isso tem dado certo. Ao todo são 180 bolsas para o Estado, das quais 50 são para Matemática e 25 voltadas a alunos que já estão no ensino médio. Destes, de sete a oito, por ano, passam no vestibular para Matemática", explicou Amauri.
Foi passando por essa "peneira" que Gregório surgiu. "Fui conhecendo as disciplinas da Física, inicialmente, mas gostei muito da Matemática. Na verdade nem sabia que existia um curso só para ela. Aí tomei gosto e depois que me formei já fiz logo o mestrado. Agora estou no doutorado", disse Gregório, com um sorriso típico de quem obteve uma grande conquista. Atualmente no doutorado em Geometria Diferencial, ele estuda o que acontece em superfícies. Na avaliação do diretor do IM, professor Amauri, sua história está longe de ser uma exceção.
"Posso dizer que temos o que comemorar. Porém, tem muito mais acontecendo. Conquistamos, por meio de recursos federais, um novo prédio, e estamos ampliando a pesquisa com a computação", revelou Amauri.
Atualmente, o IM mantém quatro linhas de pesquisa: Geometria Diferencial; Sistemas Dinâmicos; Análise; e Computação Gráfica.
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