Alunos de Intercâmbio são recebidos pela reitora

Nesta segunda-feira, 23, cerca de 60 alunos envolvidos nos programas de mobilidade da Universidade Federal de Alagoas se encontraram no gabinete da reitora Ana Dayse Dorea para a troca de experiências entre os "intercambistas", como são chamados. A Ufal conta atualmente com 70 alunos envolvidos em programas de mobilidades "in e out": denominações para alunos estrangeiros que procuram a Universidade e alunos que saem para estudar fora do país.


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Alunos de Portugal escolheram cursar um semestre na Ufal pela possibilidade de pôr em prática o conhecimento adquirido
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Jhonathan Pino - jornalista

Segundo Ana Dayse Dorea, a Universidade entrou para esse processo de internacionalização há pouco mais de cinco anos, e apesar da demora para se inserir nessa política, já está efetivada no processo de mobilidade através da cooperação com universidades em todo o mundo. “Esse é um programa que cresce a cada dia, mas quando iniciamos a mobilidade, ela era voltada apenas para a pós-graduação”, explicou a reitora.

Hoje, através da Assessoria de Intercâmbio Internacional, a Ufal mantém convênios e parcerias com os programas Erasmus Mundus, Bolsas Santander Luso-brasileiras e do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI/CAPES e Grupo Coimbra de Universidades). Apenas esses três programas são responsáveis pela mobilidade de 47 alunos , como de 2010.

João Monsanto, João Freixo, Ana Pereira e Raquel Esteves, alunos de Medicina e Nutrição da Universidade de Porto, vieram cursar um semestre na Ufal para ter um ensino que ligue o conhecimento adquirido na Universidade à prática profissional. “Viemos em busca de uma experiência prática no Hospital Universitário, já que em Portugal não temos a mesma liberdade de prática que no Brasil, no período em que estamos cursando”, disse João Monsanto. Segundo eles, outro fator que também influenciou na escolha são as recomendações de amigos sobre a alegria e a receptividade do povo alagoano.

Alex Romanguera e Javier Servera são alunos de Mestrado da Universidade de Valencia e devem ficar cerca de dois meses desenvolvendo pesquisas na área de economia solidária, através da cooperação entre a Universidade espanhola e o Centro de Educação. “O professor César Candeias, esteve em Valencia há alguns anos e iniciou essa colaboração entre as duas universidades”, disse Alex Romanguera.

“O nosso trabalho é manter a parceria das universidades européias. Hoje vemos um processo crescente de qualificação e quantificação da mobilidade. Cerca de 90% dos estudantes são de graduações, mas estamos também com docentes e técnicos fazendo parte da internacionalização”, explicou o professor Niraldo Farias, assessor Internacional, sobre o trabalho desenvolvido pela Assessoria de Intercâmbio Internacional.

Histórias e destinos

Portugal, Espanha, Alemanha, França, Itália, Holanda e China são apenas alguns destinos dos universitários que saem em busca de conhecer novas culturas e experiências fora do país. Através de inúmeros convênios com Universidades do mundo inteiro, estudantes com condições financeiras adversas estão tendo a oportunidade de participar de intercâmbios na Europa.

É o caso de José Aparecido dos Santos: aluno cotista do Curso de História e bolsista permanente da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep). Apesar de receber resposta negativa na primeira vez em que se submeteu ao Edital do Erasmus Mundus, não desistiu e ainda tentou mais duas vezes o intercâmbio pelo Santander. Mas o seu destino já estava traçado: ele foi selecionado para passar um semestre na Universidade de Lille, na França, ainda pelo Erasmus Mundus.

“Antes de entrar na Ufal, não pensava na hipótese de intercâmbio, só depois que entrei é que pude verificar as oportunidades”, falou José Aparecido, que já está terminando a graduação e será o primeiro aluno do curso de História a fazer intercâmbio na Universidade francesa. Aparecido pretende dá continuidade as pesquisas relacionadas à cultura negra, através de um paralelo entre o que já foi desenvolvido na Ufal e o conhecimento que será adquirido na Universidade de Lille.

A profesora Sílvia Uchôa, coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Ufal, fez questão de acompanhar o desenvolvimento de Aparecido ao longo dos anos na Universidade. “Ele é um exemplo do que o conhecimento nos proporciona: ele entrou por cotas, foi nosso bolsista e desenvolveu seu potencial através da participação em pesquisas e projetos”, revelou Sílvia. Aparecido viaja no dia 29 de agosto.

Outra aluna de Sílvia,  Thaís Gama, do Curso de Engenharia Civil, irá desbravar terras ainda desconhecidas pelos intercambistas da Ufal. Thaís ficará por um semestre na Universidade de Avans, na Holanda, desenvolvendo um projeto numa empresa holandesa. “Serão cinco alunos de países diferentes que irão trabalhar em conjunto. Espero trazer essa experiência para Alagoas”, diz Thaís.

A Universidade de Montpellier I, na França, também receberá uma aluna: a estudante de Direito Mariana Barbosa pretende pesquisar nas áreas de Direito Internacional e Economia. “Desde adolescente, eu já pretendia fazer intercâmbio e o professor George Sarmento foi quem me incentivou; ele é a pessoa responsável pelos contatos com Montpellier”, revelou Mariana.

Seleção dos alunos

O processo de seleção de qualquer Programa de Mobilidade é coordenado pela Assessoria de Intercâmbio Internacional, que solicita das unidades acadêmicas uma seleção prévia dos melhores alunos de cada curso. Depois da pre seleção, a Assessoria indica uma comissão de seleção, composta por representantes das pró-reitorias acadêmicas e de professores com experiência internacional.

“Essa comissão é nomeada pela reitora para que dê andamento à seleção final dos candidatos”, explica Niraldo. “Consiste em análise do currículo histórico do aluno, entrevista e exame de língua estrangeira”, completa o assessor.

O docente Linderberg de Araújo, que participou do Programa Top China ao lado de quatro alunos, parabenizou a equipe responsável pela seleção. “O processo de seleção acertou muito quanto à escolha de alunos de bom comportamento e de nível muito bom de conhecimento”, disse Lindemberg.

“Quando vamos para outro país nos tornamos embaixadores da Ufal. Temos que nos comportar como tal para demonstrar que podemos receber e dá boas condições aos estudantes estrangeiros”, ressaltou Leda Almeida, diretora do Museu Théo Brandão (MTB) e uma das docentes com malas prontas para o intercâmbio de pós-doutorado em Portugal.

“A internacionalização cresce; temos um programa novo, que é o Fórmula Santander, com duas novas bolsas Para Espanha e Inglaterra. Ano passado começamos com duas bolsas no Top China, que subiram para cinco neste ano. Também estamos fazendo o convênio com o México e a França. Essas são oportunidades que devem ser aproveitadas, pois o Estado alagoano deve contar outra história quando os estudantes terminarem suas graduações e voltarem para sua terra, para atuarem como profissionais”, enfatizou a reitora Ana Dayse Dorea.