Aula inaugural abre novo capítulo na educação em Santana do Ipanema

Jhonathan Pino - jornalista 

Inicialmente são 80 alunos, que apesar de origens diferentes, tiveram o mesmo destino nesta segunda-feira. Eles se encontraram na Aula Inaugural do Campus do Sertão, realizada em Santana do Ipanema, cidade amada pela pesquisadora e professora do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Rossana Gaia. Apesar de ter nascido em Pão de Açúcar, ela morou toda a infância em Santana e se considera santanense de coração.

Rossana teve a oportunidade de voltar a sua terra para apresentar a palestra “Nos confins da terra espinhosa, emerge o sertão glocal”, que é fruto do livro “Sertão Glocal: uma mar de ideias brota às margens do Ipanema”, que será lançado pela Edufal no mês de setembro e contou com a colaboração de José Marques de Melo e outros nomes ilustres da região sertaneja. A professora fez uma contextualização histórico-geográfica do que representa a cidade de Santana do Ipanema na cultura alagoana. 

Universidade interfere na história da cidade

A história de Santana agora passa a ser construída por pessoas como o “fera” em Ciências Contábeis, Daniel Enoque. Garoto tímido e de família humilde da cidade de Canapi, ele nem quis tirar fotos, mas testemunhou a importância da chegada da Ufal na região. “Eu sou o primeiro da minha família a entrar na Universidade, mas isso só foi possível porque o curso chegou a Santana, que fica a uma hora da minha cidade. Se não fizesse o curso em Santana, poderia ir para Delmiro Gouveia, que é um pouco mais distante. Para a capital eu não teria mesmo condições de ir”, disse Daniel.

Sem nenhuma timidez e esbanjando alegria estavam Janeide da Silva, Alba Duarte e Libânia Melo. Alunas de Ciências Econômicas, elas saíram da cidade de Maravilha para o primeiro dia de aula. “Era o meu sonho entrar na Ufal, ficaria muito difícil ir para Maceió estudar”, revelou Libânia.

Também era o primeiro dia da professora Lídia Ramires em Santana do Ipanema. Ela vai lecionar a disciplina de Lógica, Informática e Comunicação, umas das três do tronco inicial. O projeto pedagógico do Campus do Sertão conta com disciplinas multidisciplinares e os professores trabalham com alunos de diferentes áreas científicas. “Como é uma disciplina que trabalha com profissionais com uma visibilidade mais ampla, é parte do trabalho da gente fazer com que o aluno veja a importância de ter um conhecimento mais abrangente”, ressaltou Lídia.

Além da reitora Ana Dayse Dorea, do vice-reitor Eurico Lôbo, da prefeita de Santana do Ipanema, Renilde Bulhões, outras autoridades locais estiveram no Tênis Clube Santanense para recepcionar os novos alunos. A solenidade contou com a apresentação da Orquestra Filarmônica Maestro José Ricardo Sobrinho, tradicional na região. “Hoje nós escrevemos mais uma página na história de Santana. E esta página tem um relevo tal que nos deixa cheios de orgulho. Nós já vislumbramos o desenvolvimento, e não temos a menor dúvida que a Universidade é uma das responsáveis por essa situação”, destacou a prefeita.

O vice-reitor também ressaltou o desenvolvimento vivido pela região sertaneja com a chegada da Universidade. “Não existe nenhum exemplo de desenvolvimento democrático, senão pela educação, o que o Sertão vivencia com a chegada da Ufal. Estamos criando a base sólida para o desenvolvimento do interior do estado”, declarou Eurico.

 “Vocês estão de parabéns, venceram o vestibular e conquistaram uma vaga tão disputada na universidade pública do país, e agora estão aqui por mérito próprio”, disse Ana Dayse.

A aluna de Geografia da Unidade de Delmiro Gouveia, Rogéria Vieira, representou os estudantes: “Nós, alunos e alunas, estamos vivenciando um momento muito importante e estou muito feliz de fazer parte dessa família que é a Ufal. A curiosidade é um ponto chave na aprendizagem: através da Ufal iremos buscar as belezas da região e levá-las além do Sertão”, falou a aluna sertaneja.