Entre chegadas e partidas, a Ufal se transforma em ponte para a realização de sonhos
A tarde dessa quarta-feira, 4 de agosto, revelou muitas emoções na Universidade Federal de Alagoas: um dia de partidas e chegadas, muitas histórias vividas e desafios superados.
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Jhonathan Pino - jornalista
Despedida de Alexsandro de Farias, que faz parte da primeira geração de formandos do Campus Arapiraca: ele é o primeiro a colar grau no Curso de Física e dificilmente o faria se no ano de 2006 a Universidade não tivesse se instalando na região do Agreste. “É bem mais viável fazer o curso em Arapiraca do que vir para a capital. Se não tivesse o curso na minha cidade, eu acabaria fazendo outra coisa na Universidade Estadual”, disse Alexsander.
Mas a escolha aleatória por outro curso pode deixar marcas na vida de alguém: se Alexsander tivesse optado por outra faculdade, talvez ele não estivesse entrando no Mestrado de Física da Ufal com uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Alexsander se acostumou a ser pioneiro: além de ser o primeiro a colar grau no curso, ele também é o primeiro da família a ter graduação, e possivelmente será o primeiro mestre de uma família humilde.
Junto a Alexsander estavam mais oito estudantes do Campus Maceió, que apesar de não ter em suas vidas tantos pioneirismos, estavam superando mais uma barreira. “Pra mim foi muito difícil conciliar trabalho e estudos. Mas é um grande momento na minha vida”, disse Gregório Tomas, graduado em Matemática.
Mais interessante ainda é a colação em letras de Alnira Nascimento. Ela teve que dividir seu tempo entre sua educação, a educação dos menores com quem trabalha, além de exercer o ofício de freira. “Nós trabalhamos com a educação de estudantes e o curso oferece uma boa formação para a educação dos jovens; além disso, também houve incentivo da família religiosa”, disse ela.
Todas essas histórias foram contadas na solenidade de colação de grau no gabinete do vice-reitor, professor Eurico Lôbo, que destacou a importância da família nesse momento: “Essa conquista é coletiva, pois se vocês estão aqui, é graças aos seus familiares, professores e servidores envolvidos na Universidade”, disse o vice-reitor. “O diploma representa o ponto de transição de uma escala social, que coloca todos vocês na posição de privilegiados: esse privilégio foram vocês que conquistaram, lutaram, ficaram noites mal dormidas e conseguiram chegar a esse momento; não foi ninguém que deu o diploma para vocês”, ressaltou Eurico Lôbo.
A chegada de novos professores
O gabinete parecia pequeno para tanta alegria, enquanto dezenas de familiares saíam com os recém-formados, 12 novos professores chegavam para tomar posse. Era a terceira vez que Edivânia Melo estava ingressando na Ufal: ela foi aluna de graduação, logo depois fez o Mestrado na universidade e, terminada essa etapa no último mês de junho, agora ingressa para o quadro de docentes da Faculdade de Serviço Social (FSSO), local onde viveu seus últimos 6 anos.
Cristiano Vilela ainda não conhece a Ufal tão bem, mas tem uma grande vantagem: mora em Piranhas e será o primeiro professor residente na região do Campus do Sertão. Ele ensinará Libras para todos os cursos de licenciatura daquele Campus.
Eurico Lôbo destacou a importância da Universidade na região sertaneja: “Nós tivemos a coragem de estar numa região do Estado onde grande parte da população já não tinha coragem de ficar; nós tivemos a coragem para fazer a expansão; nós tínhamos a convicção de que podíamos mudar a situação do Estado. Talvez vocês tenham o privilégio de fazer o desenvolvimento daquela região”, disse o vice-reitor.