Mês do folclore é encerrado em clima festivo

O Museu Théo Brandão encerrou na noite desta terça-feira, 24 de agosto, a programação do Mês do Folclore Ranilson França, com a cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa a Ariano Suassuna; a entrega do Prêmio Gustavo Leite ao melhor artesão do ano, além do lançamento do livro "Do Belo Monte à Canudos destruída: o drama bíblico na Jerusalém do sertão", de autoria do professor da PUC/SP, Pedro Lima Vasconcellos. Desde o início de agosto, o Museu vem realizando eventos em comemoração ao mês do folclore.


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Membros do Consuni vestiram beca em Suassuna
Membros do Consuni vestiram beca em Suassuna

Jacqueline Batista - jornalista

A concessão do Honoris Causa, que foi criada na Idade Média juntamente com o surgimento das universidades, é o título de maior importância da Ufal. É um ritual que se mantém até hoje com o mesmo formato. Só é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos, a exemplo de Lêdo Ivo, Paulo Freire, entre outros.

Na cerimônia em homenagem à Suassuna, a mesa foi composta pela reitora Ana Dayse Dorea, o vice-reitor Eurico Lôbo, a diretora do Museu Théo Brandão, Leda Almeida, o secretário de Estado da Cultura, Osvaldo Viégas, a vice prefeita Lourdinha Vieira, o escritor Pedro Lima Vasconcellos e a desembargadora Nelma Padilha, representando o Tribunal de Justiça de Alagoas.

A cerimônia seguiu de acordo com os rigores da tradição milenar. Suassuna foi consultado, pela reitora, se aceitava o título e grau de outorga Honoris Causa. O homenageado leu o documento de aceitação, prometendo honrar o título e grau lhe foram outorgados. Um dos momentos mais marcantes foi a ocasião em que alguns componentes do Conselho Universitário vestiram o homenageado com a beca doutoral, a indumentária especifica da maior honraria das universidades. A vestimenta é composta pela “beca”, “samarra” e “capelo”. Além do preto, a cor azul foi utilizada como indicação da área das Ciências Humanas. 

Após a leitura, pela reitora, do documento que concede o título e grau de Doutor ao homenageado, a palavra foi cedida a alguns componentes da mesa. A propositora da outorga, Leda Almeida, disse que a concessão do título tem um grande significado. “Ao te reverenciar, sabemos que estamos reverenciando o povo nordestino. Queremos seguir o compasso do teu coração, onde pulsa uma arte que vai do popular ao erudito”, disse. A reitora da universidade também saudou o homenageado. “A Ufal lhe retribui um mínimo de respeito e reconhecimento diante do máximo que você já fez. Nós conferimos a você esse título, mas nós é que fomos agraciados. Recebemos de você letras, prendas, saberes do Nordeste, lições de humildade. A Ufal e Alagoas lhe recebem. Obrigada pelo seu teatro, sua poesia, sua verve”, disse Ana Dayse. Já o escritor Pedro Lima Vasconcellos declarou o seu contentamento em ter o livro publicado na mesma ocasião.

Seria uma cerimônia completamente formal se o homenageado não fosse Ariano Suassuna, que sempre muito bem humorado, arrancou risos da platéia, logo no inicio da sua fala ao dizer: “Eu sou muito ruim de cerimônia. Nunca houve um doutor tão desastrado como eu, também nunca usei saia, aí fica difícil”, brincou. O escritor demonstrou o tempo todo, através das suas histórias e do modo como se expressou, a sua simplicidade, sua origem nordestina do interior, e principalmente, sua humildade, diante de tantas homenagens. “Eu meti na cabeça que o povo brasileiro tá esperando de mim o cumprimento de uma missão. O povo brasileiro, coitado, nem sabe disso”. Ao final, após contar um de seus causos, arrematou. “Quando quiser saber como se trata um velho escritor com carinho, dê um pulo em Maceió”.

Após as homenagens à Ariano, o cerimonial prosseguiu com a entrega do Prêmio Gustavo Leite aos artesãos Vicente Ferreira e Geraldo Cardoso. A noite festiva foi finalizada com o lançamento do livro de Pedro Vasconcellos e apresentação do grupo de maracatu Baque Alagoano.

O mês do folclore foi marcado pela abertura da 3ª edição do projeto Museu Vai à Rua, na orla de Ponta Verde, no domingo, 22, Dia Mundial do Folclore. A exposição Boibrincar é composta por quinze bois em cerâmicas pintados pelo artista Gil Lopes.

Outros eventos alusivos ao folclore fizeram parte da programação, como a abertura da exposição Entre cores e formas, palestras e munguzá cultural sobre folclore, além de apresentações artísticas realizadas por participantes do projeto Todos os sentidos: arte e inclusão.