Pacientes com câncer encontram descanso e cuidado em casa de apoio

Na casa ampla e arejada, os pacientes encontram não só um lugar tranquilo, depois das difíceis sessões de radioterapia e quimioterapia mas também recebem carinho e uma boa dose de ânimo para seguir adiante. A paciência das cuidadoras e a atenção dos voluntários é reconfortante para quem está enfrentando a angustiante luta contra o câncer.


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A Casa de Apoio Antônio Edson Alves cuida de pacientes com câncer há quatro anos
A Casa de Apoio Antônio Edson Alves cuida de pacientes com câncer há quatro anos

Lenilda Luna - jornalista

A Casa de Apoio Antônio Edson Alves foi aberta em 2007, pela iniciativa solidária de um casal de empresários, que prefere ficar no anonimato. Eles procuraram o serviço social do Hospital Universitário, que abraçou a proposta com alegria, já que o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) tinha sido inaugurado em novembro de 2006, mas os pacientes, principalmente os que vinham do interior, não contavam ainda com um local para o descanso depois do tratamento. A casa tem capacidade para abrigar dez pessoas em tratamento, com mais dez acompanhantes.

 

Na poltrona da sala de estar, Laurita Pastora, de 78 anos, mais conhecida como dona Dora, gosta de contar histórias. Nas narrações dela, personagens improváveis se encontram, como Lampião, Maria Bonita, o papa-figo e Getúlio Vargas. “Conheci todos eles sim”, afirma a senhora com bom humor. Mas sobre a doença, ela não gosta de falar. “Estou nas mãos de Deus e de vocês”, diz dona Dora encerrando a conversa.

 

O câncer da idosa foi descoberto há quatro anos, na primeira mamografia que ela teve a oportunidade de realizar. A radiografia da mama que permite a identificação precoce do câncer é oferecida na rede pública e saúde, e deve ser feita periodicamente por mulheres acima de 35 anos. Mas dona deve ser precoce do câncer é oferecida na rede pública de saúde, e feita periodicamente por mulheres acima de 35 anos. Mas dona Dora só veio a realizar a primeira mamografia aos 74 anos.

 

Depois que o câncer foi diagnosticado, dona Dora já fez duas cirurgias. Agora ela realiza as sessões de radioterapia e quimioterapia no Cacon do Hospital Universitário e depois é levada para o descanso na casa de apoio, onde Cida cuida da idosa com muita paciência.

 

Paciência e carinho

 

Aparecida Rodrigues, a Cida, é a cuidadora da casa. Ela não tem nenhuma formação específica na área de saúde, está até planejando fazer técnicas de enfermagem, mas tem experiência no cuidado de idosos e de pessoas doentes.

 

A fundadora da casa se refere à Cida com muitos elogios e destaca a importância dela para os pacientes. “Muitos aqui chegam tristes, reclamando da sorte, aborrecidos com os efeitos colaterais do tratamento, por isso, nós os recebemos com palavras de carinho e tentamos reconfortá-los”, conta Cida.

 

Depois de quatro anos de trabalho na casa de apoio, Cida acumula amigos e histórias. “É claro que nós sofremos, quando perdemos alguém. Mas, na maioria dos casos, estamos acompanhando as curas, e os pacientes recuperados sempre ligam para dar notícias e para agradecer o apoio que receberam”, ressalta a cuidadora.

 

Recuperando a esperança

 

Maria Iracy dos Santos, de 60 anos, é da cidade de Capela, e estava começando o tratamento para o câncer de mama. Ela admite que teve um momento em que chegou a pensar em desistir, porque não aguentava todos os dias fazer a viagem de ida e volta para Maceió. “Com a casa de apoio fico mais tranquila. Posso ficar aqui com minha neta depois de passar pelo HU”, diz a paciente.

 

Apesar de oferecer esse suporte para os pacientes, a casa de apoio precisa ainda de mais parceiros, que possam ajudar na assistência. “No HU, os pacientes do Cacon dispõem de assistência nas e especialidades de oncologia e ainda o acompanhamento nutricionistas psicólogos, mas também seria importante contarmos com alguns destes serviços aqui, por isso estamos abertos às parcerias”, diz a fundadora da casa de apoio.

 

Entre as necessidades psicólogos de e recursos humanos na Casa, a fundadora fisioterapeutas, enfermeiros. “Mas é um trabalho voluntário, já que não recebemos recursos públicos. Todo nosso material vem de doações. O HU ajuda com o transporte e já presta o atendimento aos pacientes, a casa de apoio é um serviço de voluntariado e amor”, diz a fundadora da casa.

 

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