Projeto de extensão alia promoção da saúde e pesquisa
Academia da Universidade atende estudantes e servidores da Ufal desde 2009
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Thâmara Gonzaga – jornalista
A cada ida ao médico, independente da especialidade e desde que não haja impeditivos, a recomendação é sempre a mesma: praticar exercícios físicos, regularmente, para evitar a incidência de doenças. E é justamente para promover a necessidade e a importância de mexer o corpo que são voltadas as ações do projeto de extensão Academia da Universidade, do curso de bacharelado em Educação Física da Ufal.
A estudante de Engenharia Química, Ana Paula Vieira, seguiu essa orientação e aproveitou a oferta do serviço no Campus A.C. Simões. “Não tenho muito tempo para mais nada além de estudar. Eu estava sedentária e, por recomendações médicas, precisava fazer algum tipo de exercício, mas, pela correria, mesmo morando na Residência Universitária, não conseguia sequer fazer caminhada”, conta. “Daí, surgiu a oportunidade de fazer academia aqui na Universidade. Então, preparei a documentação, fiz a inscrição e aguardei ser chamada. Desde então, tenho frequentado assiduamente e já me sinto melhor. Sinto-me menos cansada e super disposta para as aulas e a rotina de estudos, enfim, só coisas boas. Com certeza, estou renovada”, comemora.
Ela, que começou a treinar no início deste semestre, no período da manhã, elogia o acompanhamento dos bolsistas do projeto. “Os monitores estão sempre presentes e atentos a qualquer movimento errado que possamos fazer. São bastante prestativos”, conta.
O coordenador do projeto, professor Amandio Geraldes, explica a melhora na disposição da estudante: “É consenso que a prática regular, especialmente, daquelas classificadas como exercícios, traz benefícios para a aptidão física, funcionalidade, saúde e qualidade de vida”. Segundo ele, “são inúmeras e crescentes as evidências demonstrando fortes e inversas associações entre a prática de atividades físicas e as taxas de diversas doenças, a exemplo das coronarianas, hipertensão, câncer de mama e próstata, diabetes, osteoporose, dentre outras”. O docente alerta que “pessoas sedentárias, quando comparadas com as fisicamente ativas, apresentam 1,2 a 2 vezes mais chances de morrer precocemente”.
Unindo as práticas da atividade física regular e da pesquisa, o projeto de extensão Academia da Universidade, conta o coordenador, vem sendo realizado todos os anos, desde 2009, sem interrupção. “Para além de promover e ofertar a prática regular de exercícios físicos, com acompanhamento e supervisão, favorecendo a manutenção ou melhora da aptidão física, saúde e qualidade de vida de docentes, discentes e técnicos da Ufal, temos como objetivos acadêmico e científico criar oportunidades e campo de pesquisas relacionadas com a área”, destaca o professor.
O projeto também possibilita “colocar em prática os conhecimentos obtidos em diversas e diferentes disciplinas da grade do curso de bacharelado em Educação Física e Nutrição, relacionando a atividade física com a saúde, a exemplo de Testes; Medidas de Avaliação em Educação Física; Fundamentos de Bioestatística; Cinesiologia; Nutrição e Educação Física; Métodos e Sistemas de Ginásticas em Academias e Clubes; Métodos e Sistemas do Treinamento Físico Geral; Métodos de Treinamento Cardiovascular; Métodos de Treinamento Neuromuscular; Atividades Físicas e Saúde Pública; Treinamento Personalizado; Estágio 2; Estágio 4; Adaptações Agudas e Crônicas ao Exercício Físico; e Atividades Físicas para Grupos Especiais”, cita o docente.
A estudante de Educação Física e bolsista do projeto, Laís Veras, faz parte da iniciativa desde o segundo período da graduação e reforça a importância da atividade. “Foi de um ganho muito válido de conhecimento. A visão que tive sobre a pesquisa e o contato logo cedo com a musculação foram de grande valia para expandir o meu conhecimento. Quem tiver a oportunidade de se envolver, logo no início do curso, com a pesquisa, recomendo, pois amplia as perspectivas profissionais”, afirma.
Ela também destaca a promoção da prática da atividade física promovida pelo projeto. “O exercício físico é algo programado, repetidas vezes, regularmente. Não só necessariamente a musculação, mas também a aeróbica são atividades importantes na vida de uma pessoa para manutenção da qualidade de vida”, reforça.
Já o graduando e bolsista Mateus Damasceno relata que o projeto favorece um contato mais amplo com os assuntos da graduação. “Podemos fazer testes, nos envolver de perto com pesquisas, avaliações físicas, conhecer equipamentos novos. Realidades que só acrescentam na nossa vida acadêmica e profissional. Mesmo com todas as dificuldades de verbas e incentivos, ainda assim, é uma experiência enriquecedora”, justifica.
Para a pró-reitora de Extensão (Proex), Joelma Albuquerque, “o Academia da Universidade tem um significado muito importante por ser uma iniciativa de extensão que também articula ensino e pesquisa”. O projeto, destaca a pró-reitora, “liga o curso de bacharelado em Educação Física num diálogo com a comunidade, com a oferta de atividades que têm como finalidade promover a saúde, o conhecimento sobre si mesmo e sobre a saúde da nossa comunidade universitária. Para nós, isso é extremamente significativo”, afirma.
Ela informa que a Proex organizou um programa para articular os projetos de cultura corporal, esporte e saúde da Ufal e que a Academia faz parte desse programa. “Inclusive, a ampliação da oferta desse tipo de serviço para nossa comunidade, está previsto no nosso PDI [Plano de Desenvolvimento Institucional]”, ressalta. “É uma atividade que tem um significado muito relevante, pois é uma ação pedagógica formativa para os nossos estudantes da graduação de Educação Física; e para a comunidade universitária é uma ação também formativa e que, de certa forma, contribui para que a permanência na Ufal seja mais harmoniosa, mais rica, possibilitando vivenciar a Universidade em todos os seus aspectos, inclusive na saúde”, argumenta.
Projeto possibilita realização de pesquisas em várias áreas
De acordo com o professor Amandio, há três laboratórios que, em conjunto, são denominados de Laboratórios de Aptidão Física, Desempenho e Saúde (Lafides). “Oficialmente, os espaços estão envolvidos com o projeto. Essa estrutura fornece apoio a pesquisadores de nossa e outras unidades acadêmicas, a exemplo da Fanut [Faculdade de Nutrição]”, aponta.
O projeto, segundo Geraldes, “para além de permitir e favorecer pesquisas relacionadas ao TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] de alunos, indiretamente, através de nossos cursos de treinamento para os graduandos e equipamentos disponíveis em nossos laboratórios, vem dando apoio a projetos de pesquisa apresentados em congressos e defendidos sob a forma de dissertações e teses”, destaca.
“Obesidade, aptidão muscular e desempenho funcional em idosas; força e ativação neural em mulheres pós menopausadas; efeitos diferentes nos músculos extensores dos joelhos; perfil somatotipológico de universitários em Alagoas; perfil de doentes pulmonares obstrutivos crônicos; prevalência de indicadores do transtorno dismórfico muscular; principais aspectos motivacionais em praticantes iniciantes no treinamento com pesos são alguns dos temas contemplados pelas pesquisas”, informa.
Público da Academia da Universidade
Apenas estudantes e servidores (docentes e técnicos) da Ufal podem se inscrever para se exercitar na Academia da Universidade, mediante confirmação do vínculo institucional. As aulas são nos dias de segunda, quarta e sexta-feira, das 8h às 18h, sem intervalo para o almoço.
No total, o projeto conta com as atividades de seis bolsistas. Dois se revezam, por turno, orientando os frequentadores sobre a prática correta dos exercícios. Nos dias de terça e quinta, os estudantes se dedicam às atividades do laboratório de pesquisa.
A cada início de semestre, são abertas 200 vagas. No segundo semestre de 2017, o projeto registrou o número de 500 pessoas interessadas em frequentar a academia.
Os que conseguiram vaga no semestre anterior, também precisam se inscrever novamente. Os inscritos passam por avaliação física e precisam apresentar um atestado médico, dentro de um mês, confirmando a liberação para a prática da atividade física regular. “Só pode praticar o exercício com a liberação médica. Cada um tem seu programa de treino. Acompanhamos a execução correta do exercício, da postura, entre outros quesitos”, informa Laís Veras.