Grupequi comemora 12 anos incentivando ações para a cadeia de equídeos
Coordenador, Pierre Barnabé Escodro, avaliou histórico; Grupo recebeu homenagens
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A missão vai muito além de proteger os animais. O Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos (Grupequi) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) completou neste mês de agosto 12 anos de história e mostra que, nesse tempo, os objetivos foram adaptados para atender demandas diversas.
Idealizado e fundado pelo professor do curso de Medicina Veterinária da unidade da Ufal em Viçosa, Pierre Barnabé, o grupo foi criado para contribuir com o desenvolvimento da ciência, tendo em vista a promoção da saúde e bem-estar animal.
Sua história fica mais especial porque chegou com o único curso de Veterinária do Estado e num contexto de interiorização da Ufal. “Existe toda uma responsabilidade de estar numa cidade pouco desenvolvida em relação aos animais. Vendo a necessidade tanto dos carroceiros quanto dos animais, sabíamos que a gente tinha que fazer mais”, lembrou Pierre sobre as expectativas de plantar a semente.
E foi brotando. As pesquisas estão centradas nas seguintes linhas: Dor crônica, Equinos, Neurolíticos, Acupuntura e Própolis. A formação complementar dos alunos abre a visão para a área de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica, com ações que fazem a ponte entre os estudantes e os profissionais do mercado com suas experiências.
“O Grupequi vem dentro do que as universidades têm como tríade –ensino, pesquisa e extensão– e num âmbito muito maior, porque a gente se atém à cadeia dos equídeos, tanto em âmbito empresarial, comercial, de criação e até de subsistência humana, que fez com que o grupo entrasse nas comunidades”, destacou Pierre, completando: ‘O grupo representa a formação em relação ao ensino, a responsabilidade social em relação à extensão e a geração de conhecimento a partir das demandas da sociedade, tanto no caráter do empreendedorismo empresarial quanto de negócio de impacto social, que faz com que nós criemos teias em diversas facetas.”
Sempre atuante
Na extensão, um dos grandes projetos é o Carroceiro Vet Legal, que presta serviços veterinários aos equídeos carroceiros de Alagoas e busca melhorar a qualidade de vida da comunidade que sobrevive do animal, promovendo ações multidisciplinares.
O projeto já foi vencedor do Prêmio Santander Universidades 2012, na linha Universidade Solidária e destacou a Ufal em diversos eventos. Num deles, em São Paulo, quando foram apresentadas as ações na orla lagunar de Maceió: a implantação da Associação de Carroceiros nos bairros Vergel do Lago e Trapiche da Barra e a promoção de atividades para a inclusão social, objetivando o resgate da cidadania dessas comunidades.
Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo foram além dos animais de grande porte. A promoção da saúde dos animais que vivem soltos nas ruas e a conscientização sobre posse responsável também são objetivos de outro programa que o Grupequi está envolvido, em parceria com a Braskem e a Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). As ações de cuidados acontecem nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.
“O Grupequi é só orgulho! Esse timaço vem participando das atividades de ensino, pesquisa extensão e, mais recentemente, com um trabalho fantástico de proteção aos animais que ficaram abandonados por conta da subsidência dos bairros afetados pela mineração”, elogiou o reitor Josealdo Tonholo.
Engajar-se nas demandas mais urgentes da sociedade é uma visão mais ampla da equipe. “Viemos para os pequenos animais, para saúde pública, para saúde única, a conservação ambiental, a saúde humana e animal. Trouxemos o animal para um contexto de discussão, de responsabilidades, de parte jurídica”, descreveu Pierre Barnabé sobre o leque de atividades.
Em busca de mais conhecimentos
O Grupequi tem 12 anos e muita história, sendo responsável pelos primeiros simpósios alagoanos de Medicina Equina, desde 2010. Fazer um intercâmbio de conhecimentos era necessário para difundir o ensino e estimular as pesquisas em Viçosa.
São mais de 130 artigos publicados, patentes, capítulos de livros, dissertações de mestrado e um papel fundamental no processo de aprovação da Pós-graduação em Medicina Veterinária, que também é a única no Estado.
Mas o incentivo para os estudos na área também chegou nas escolas de ensino técnico e profissionalizante. O Grupequi ajudou uma equipe de estudantes a passar no torneio local e representar o Estado na Olimpíada do Conhecimento, em 2016. O evento foi promovido pelo Senai e os parceiros da Ufal apresentaram o cavalo como animal aliado e desenvolveram um projeto de pesquisa que apresenta uma ideia inovadora para o tratamento da Laminite, doença equina que afeta cavalos de todas as idades, podendo levá-los à eutanásia.
Já esse ano, um trabalho do Grupequi conquistou o segundo lugar na 10º Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo. O prêmio foi na Categoria Eu Faço a Diferença, com o resumo intitulado de Avaliação do “check out” dos pets hospedados pelo projeto Integra Animal. O projeto Conscientização sobre Covid-19 em Comunidades da Zona Rural de Viçosa e a Relação Humana-Animal também teve destaque e foi eleito o terceiro melhor da conferência internacional.
Mesmo com a pandemia, a produção científica não parou e os resultados têm sido vitrine em diversos eventos nacionais e internacionais.
Inovação como pré-requisito
Nos últimos anos o grupo vem se tornando um programa da Ufal, com apoio da Fundepes para fomentar as pesquisas e prestar serviços às comunidades nos âmbitos público e privado. O Grupequi é um dos mais ativos da área no Brasil.
“Nosso vínculo não é tanto na inovação de ponta, mas na inovação de resolver problemas das comunidades em qualquer âmbito”, reforçou o coordenador Pierre.
Desde 2015 a Ufal, por meio do Grupequi, passou a ser referência no desenvolvimento de técnicas para aféreses em animais, ampliando o raio de atuação e parcerias. A aférese é um processo inovador utilizado em casos clínicos de alta complexidade e para produção de bioprodutos, cujo procedimento consiste na retirada total de um doador para obtenção de plasma, plaquetas, leucócitos ou outros hemoderivados.
Com o Laboratório de Inovação em Cirurgia, Hemoterapia e Terapias Celulares, na Fazenda São Luís, em Viçosa-AL, são desenvolvidas pesquisas na área de cirurgia geral, videocirurgias, anestesiologia aplicada, controle da dor, aféreses transfusionais e terapêuticas, acupuntura e terapias celulares inovadoras.
O campo de atuação é vasto e a vontade de crescer cada vez mais é perene. “O futuro do grupo é, com certeza, se manter como principal grupo de pesquisa de equídeos do Nordeste, ajudando as populações em vulnerabilidade e, principalmente, apoiando a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico de nosso país”, projetou Pierre.
Homenagens com desejo de vida longa
Nesses 12 anos de jornada o professor Pierre Barnabé sempre esteve acompanhado de pessoas comprometidas com as propostas do Grupequi. Isso inclui profissionais de outros cursos da Ufal, como Tobyas Mariz, de Zootecnia; Marcia Notomi e Anaemilia Diniz; de Medicina Veterinária; e Ticiano Nascimento, da Escola de Enfermagem (Eenf).
Muitos pesquisadores renomados da área em outros estados também compartilharam conteúdos com os estudantes e professores da Ufal. Alguns deles prestaram homenagem por meio de depoimentos no quadro “Eu faço parte dessa história”, publicado no Instragram do Grupequi:
“Eu vi esse grupo nascendo e eu tinha certeza que seria uma carreira de muito sucesso. Hoje nós podemos ver um pouco desse resultado. Então, ver o Grupequi crescer é uma alegria!”, ressaltou o professor Rafael Faleiros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quem também construiu carreira a partir do grupo foi a médica veterinária Juliana Bernardo, doutora em cirurgia de grandes animais. “Fui uma das alunas pioneiras e tenho muito orgulho porque aprendi sobre docência e extensão, e isso fez um diferencial enorme na minha formação”, disse.
Da Bahia, veio a homenagem de Domingos Cachineiro, professor da Ufba: “Parabéns pelos 12 anos de contribuição e excelência na pesquisa, na extensão, na academia, na medicina equina, na prestação de serviço, na produção acadêmica, enfim, vocês fazem um trabalho maravilhoso, reconhecido internacionalmente e, que a mim, como amigo, parceiro e admirador, só cabe desejar longos anos de produtividade e sucesso”.
Reconhecimento também de quem acompanha o impacto do trabalho realizado na Ufal. “Vocês estão no caminho certo. Todo o esforço vai valer à pena. Espero estar com vocês em breve, comemorando e aprendendo também”, comentou Jean Joaquim, do Ministério da Agricultura e do Instituto Bioeticus.
Na ponta de todo trabalho, o professor Pierre é referência para quem passa pelo grupo. E no mês de aniversário, ele avalia: “O Grupequi é satisfação e sensação de dever cumprido nesses 12 anos, de executar dentro das dificuldades, da melhor maneira que podíamos, a tríade universitária”.
E segue com grandes planos: “Nosso grupo vai se estabelecer como uma grande referência não só na Medicina Equina, no manejo de equinos, na nutrição e na saúde única, mas também nas interfaces nunca antes pensadas”.