Ufal articula novas medidas para espécies marinhas invasoras
O objetivo é ampliar a rede de conhecimento para prevenir acidentes e reduzir impactos ambientais
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Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) seguem em alerta para a invasão do peixe-leão e (Pterois volitans) e do coral-sol (T. coccineaT. Tegusensis), tema que voltou a ser pauta de reunião essa semana com instituições ambientais.
O professor Cláudio Sampaio, coordenador do Laboratório de Ictiologia e Conservação (LIC) da Unidade Penedo, e o discente do Programa de Pós Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos (PPG-Dibict), egresso do curso de Biologia da Unidade Penedo, Afonso Xavier participaram da reunião com o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA), e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Durante o encontro, foram planejadas as ações que serão desenvolvidas pelos órgãos ambientais em parceria com a Ufal. A medida é urgente porque a bioinvasão ocorre de maneira acelerada no Brasil, devido à ausência de predadores e de manejo das espécies invasoras. De acordo com Sampaio, apesar dos esforços, não será possível reduzir os impactos da bioinvasão sem uma rede de parceiros engajados e capacitados.
“Desejamos articular cada vez mais parceiros na rede de estudos do peixe-leão, capacitando e orientando sobre como reduzir os potenciais prejuízos, captar recursos financeiros para ampliar os estudos em desenvolvimento e contribuir para a manutenção das atividades economicamente importantes, como a pesca e o turismo em Alagoas”, destacou o professor.
Para disseminar as informações sobre isso os parceiros têm a responsabilidade de realizar um trabalho de educação ambiental com pescadores e demais atores sociais, a exemplo de colônias de pescas, empresas de mergulho e turismo.
Os peixes-leão são peçonhentos, com espinhos venenosos que podem provocar acidentes e, portanto, são prejudiciais à saúde humana. Na reunião desta semana também foram apresentadas pesquisas referentes ao coral-sol e ao mexilhão-dourado, que não possuem invasores naturais e geram um desequilíbrio ambiental.
Pesquisas colaboram para o conhecimento
Nesta fase das ações, as pesquisas da Ufal são importantes para colaborar e para entender a dimensão da proliferação das espécies invasoras e o risco à biodiversidade costeira marinha alagoana.
“A Ufal possui papel de destaque nas ações de pesquisa, ensino e extensão voltados ao peixe- leão no Nordeste. Diversos professores, alunos e laboratórios de pesquisa estão desenvolvendo estudos inéditos, como idade e crescimento, parasitos, dieta, microbiologia, isótopos estáveis e beneficiamento, além de ações de monitoramento, divulgação e educação ambiental”, ressaltou Cláudio Sampaio, explicando que recentemente também foi criado um Grupo de Trabalho sobre as espécies invasoras na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (Apacc), com diversos atores e iniciativas.
Até este mês de fevereiro, sete peixes-leão foram capturados na Apacc, sendo quatro por pescadores artesanais e três pelo projeto de Conservação Recifal (PCR), em expedições de mergulho.
Os estudos da Ufal avaliam exames no corpo, conteúdo estomacal, presença de parasitas e contaminantes, microbiologia, idade e crescimento, e aproveitamento da carne e da pele dos animais. O objetivo é entender a idade e a maturidade sexual; quais outros animais comem e se podem ser consumidos por nós. As análises também vão ajudar a esclarecer o processo de invasão na Apacc e no Brasil, além do impacto que causam.
A rede de apoio para os estudos é composta pelos laboratórios de Ictologia e Conservação; de Tecnologia do Pescado; de Diversidade Microbiana; de Ecologia Peixes e Pesca; e de Ecologia e Conservação no Antropoceno; além do Grupo de Estudos em Parasitologia de Peixes. O trabalho da Ufal também vai desenvolver ações em conjunto com o projeto Cultiva Coral, do IMA.
“Desejamos captar recursos para implementar novos estudos sobre a reprodução, contaminação por metais, parasitas e para o melhor beneficiamento de sua carne e pele, além de capacitar pescadores e operadoras de turismo subaquático”, disse Sampaio.
Enquanto isso, o alerta é para que as pessoas entendam que essas espécies não devem ser manuseadas sem preparo. Caso seja detectada a ocorrência de alguma delas, os órgãos ambientais devem ser acionados.
O IMA pode ser acionado pelo WhatsApp, por meio do número (82) 98833-9407 e pelo telefone (82) 3512-5999.
O Projeto de Conservação Recifal e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade possuem canal de informação sobre a bioinvasão, que pode ser contatado por meio do número (81) 99654-5863.