Quase 50% dos grupos de pesquisa da Ufal são liderados por mulheres
Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação desenvolve várias ações de incentivo à participação de mais professoras pesquisadoras, dentre elas a Política de Igualdade, Equidade e Diversidade de Gênero
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Na perspectiva de incentivar maior participação de mulheres na ciência, a Universidade Federal de Alagoas aposta em várias iniciativas, ou seja, criar condições e incentivar projetos e programas que contribuam para a igualdade de gênero e o empoderamento das pesquisadoras. Atualmente, existem 409 grupos de pesquisa da Ufal, certificados e cadastrados na Plataforma do CNPq. Deste total, 198 são liderados por mulheres. E, se depender da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep), esse número vai aumentar, com certeza. Das 817 professoras que compõem o quadro de docentes da Ufal, 624 são doutoras e 142 são mestres.
Outro dado interessante que reforça a preocupação da coordenadora de Pesquisa da Propep, Magna Suzana, sobre a ampliação do número de mulheres na pesquisa é que apenas 25% das docentes são bolsistas de produtividade do CNPq. “Temos, na Ufal, 106 bolsistas de produtividade do CNPq e, desses, apenas 25% são mulheres. Sem muitas referências femininas na ciência e com o preconceito ainda existente na sociedade, as mulheres se sentem pouco motivadas a buscarem uma carreira na área científica, especialmente nas exatas e tecnológicas. É preciso mudar comportamentos e dogmas, incentivando meninas a se tornarem mulheres cientistas. Esse é o primeiro passo para que tenhamos cada vez mais referências femininas em todas as áreas do conhecimento”, considerou a professora Magna Suzana.
Esses números, na opinião da pró-reitora Iraildes Assunção, ainda são muito tímidos e, por isso, a Propep está promovendo iniciativas para incentivar mais mulheres na pesquisa científica. “Nos últimos anos, nossa equipe tem trabalhado no sentido de reduzir as desigualdades, incluindo ações consistentes no planejamento anual da Pró-reitoria, a fim de reduzir o cenário de desigualdades. A proposta é incentivar, motivar e reconhecer a importância dos trabalhos desenvolvidos pelas pesquisadoras, além de contribuir para a autoavaliação institucional e estimular a difusão de novos conhecimentos”, pontuou.
A pró-reitora lembra que em 2022 foram instituídas ações inéditas em editais, como o que criou a premiação das melhores teses e dissertações. “Esse edital contempla a igualdade de gênero e de raça, porque prevê o mesmo número de prêmios para ampla concorrência, para mulheres e para negros. A missão é combater o racismo e promover a equidade de gênero no ambiente científico, valorizando a produção acadêmica de pessoas negras e das mulheres. Também lançamos, pela primeira vez, o edital de premiação de mulheres pesquisadoras, o qual prevê a premiação para mulheres desde a iniciação científica até pesquisadoras seniores”, disse Iraildes.
Sobre esses editais, a pró-reitora avisa que a segunda edição será lançada este ano. “Não podemos deixar de instituir ações inéditas, com a missão de promover o reconhecimento de gênero no ambiente científico, valorizando a produção acadêmica das mulheres”, ressaltou a pró-reitora.
A Ufal tem, hoje, 206 mulheres pesquisadoras orientadoras do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e 34 que estão à frente de projetos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti). “Temos outra ação significativa que está contemplada nos Programas de Iniciação Científica e Tecnológica. Desde 2020, mulheres pesquisadoras, que estiveram em período gestacional ou licença maternidade, terão um ano a mais de avaliação na planilha de pontuação da produção científica”, anunciou Iraildes Assunção.
Na pós-graduação, a Universidade tem 334 mulheres em atuação, como orientadoras de cursos de mestrado e doutorado, além de especialização. “Essas mulheres doutoras e pesquisadoras são exemplos de dedicação, competência e excelência acadêmica, que contribuem significativamente para o avanço do conhecimento em diversas áreas do saber. A presença e atuação dessas mulheres na pós-graduação e na pesquisa acadêmica são fundamentais para o desenvolvimento científico e tecnológico de nosso país. Seus estudos e pesquisas têm impacto não apenas no ambiente acadêmico, mas também na sociedade como um todo, gerando conhecimento, inovação e soluções para os desafios contemporâneos”, acentuou Walter Matias, que responde pela Coordenadoria de Pós-graduação da Propep.
TOP 20
Ter mulheres ocupando lugares de destaque na Universidade também é uma forma de inspirar, incentivar que mais mulheres queiram fazer ciência, como é o caso da professora Marília Goulart, que lidera a lista de melhores pesquisadores da Ufal. A docente aparece como a número 1 no ranking AD Scientific Index – edição 2024.
Entre os 146 cientistas da Ufal incluídos nos índices avaliados pela instituição, que se baseiam no desempenho e no valor agregado da produtividade científica de pesquisadores individuais, seis mulheres estão no TOP 20. Juntam-se à Marília com esse destaque as pesquisadoras Patrícia de Medeiros, Simoni Meneghetti, Sandra Helena Carvalho, Nidia Fabre, Ana Paula Prata e Magna Moreira.
Política em construção
Um dos grandes desafios encarados pela Propep é a construção da Política de Igualdade, Equidade e Diversidade de Gênero, que está sendo elaborada com a participação e a contribuição de toda a comunidade universitária. “O documento está em discussão com a comunidade e posteriormente irá para apreciação do Conselho Universitário. Esperamos que a comunidade da Ufal tenha mais uma conquista política em prol dos direitos humanos em nossa sociedade”, assegurou Magna Suzana.
A professora revela que essa política institucional deve ser implantada na Universidade, “não só para atender a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o ODS 5, da Agenda 2030 da ONU, mas para estabelecer a igualdade e a equidade de concorrência e de representatividade.
Outra iniciativa destacada pela Propep é o projeto apresentado pela Ufal em parceria com mais duas universidades brasileiras, a federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a estadual do Maranhão (Uema). O projeto foi aprovado no edital Mulheres na Ciência: Chamada para Parcerias de Igualdade de Gênero Brasil-Reino Unido 2022, que tem coordenação da professora Magna Suzana e é financiado pela British Council UK.
Outras pesquisadoras compõem a equipe na Ufal, como a professora Aline Cavalcanti de Queiroz, do Campus Arapiraca, a pós-doutoranda Letícia Lopes, que capitaneou a colaboração com o Reino Unido, e, mais recentemente, a doutoranda do Instituto de Ciência Biológicas e da Saúde (ICBS), Nayara Rodrigues, que desenvolverá sua tese na temática da relação da saúde, igualdade e equidade de gênero, sob orientação de Magna Moreira.
Determinação
A equipe da Propep, liderada pela pró-reitora Iraildes Assunção, ressalta que as “mulheres enfrentam desafios adicionais em suas carreiras acadêmicas, incluindo desigualdades de gênero, dificuldades para conciliar a vida profissional e pessoal, e estereótipos que, muitas vezes, as desvalorizam. No entanto, as mulheres têm superado tais obstáculos com determinação e brilhantismo, deixando um legado inspirador para as futuras gerações de pesquisadoras”.
E completa: “A diversidade de perspectivas, experiências e abordagens que as mulheres trazem para a pós-graduação e para a pesquisa enriquecem significativamente o ambiente acadêmico, promovendo a inovação e a interdisciplinaridade. Suas contribuições são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e desenvolvida. Neste sentido, é fundamental reconhecer e valorizar o trabalho dessas mulheres, dando-lhes o devido reconhecimento e apoio institucional. É necessário promover políticas e ações afirmativas que incentivem a participação das mulheres na ciência e na pesquisa, garantindo igualdade de oportunidades e condições para o pleno desenvolvimento de seus talentos.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a equipe da Propep deixa uma mensagem e ressalta que a Ufal se orgulha de contar com a presença e o trabalho dessas mulheres na pós-graduação, na pesquisa e na inovação, e reafirma seu compromisso em promover um ambiente acadêmico inclusivo, diverso e equitativo: “Que esta homenagem sirva como um reconhecimento do valor inestimável dessas mulheres para a produção do conhecimento e para o progresso de nossa sociedade. Nossa expectativa é que ‘elas’ continuem a inspirar, a liderar e a transformar o cenário acadêmico e científico, deixando um legado duradouro para as gerações futuras. O trabalho delas é fundamental e seu impacto é imensurável. Parabéns a todas as doutoras e pesquisadoras da nossa Universidade!”