Pesquisas de alerta para riscos de afundamento aumentaram nos últimos anos
Pesquisadores da Ufal e de outras universidades abordam os vários impactos socioambientais e econômicos
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Após o tremor de terra ocorrido em Maceió, no dia 3 de março de 2018, descortinou-se um drama que está alcançando dimensões impensáveis pela maioria da população da capital alagoana. Mas os alertas foram dados desde a década de 1980, por vozes que não alcançaram a repercussão que o problema merecia. Entre esses pesquisadores que denunciaram os riscos da localização de uma empresa de mineração numa área de restinga, está o professor José Geraldo Marques.
José Geraldo, que também é vítima da evacuação dos bairros atingidos pela mineração, contou em várias entrevistas como enfrentou muitas críticas e reações por criticar a decisão do governo da época pela implantação da indústria. Entre essas entrevistas, citamos uma concedida à Tribuna Hoje e também uma concedida à professora Natallya de Almeida Levino, que coordena uma pesquisa sobre as dimensões econômica, social e ambiental da subsidência que atinge cinco bairros de Maceió.
Quem também tem sido muito consultado para dar entrevistas e contar detalhes dessa história é o professor Abel Galindo, atualmente aposentado do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Ele também concedeu entrevista para o canal Relatos de uma tragédia, com os registros de vídeos do projeto Análise Quali-Quantitativa dos Incidentes ocasionados pela mineradora Braskem em Maceió-AL, sob a perspectiva da Sustentabilidade em suas dimensões Econômica, Social e Ambiental.
Pesquisadores se voltam para o problema
Em 2018, o afundamento começou a se tornar evidente. Em alguns bairros, rachaduras surgiram nas casas e nas ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e a evacuar os moradores das áreas mais afetadas. Mais uma vez, os pesquisadores da Ufal e os professores aposentados foram convocados pela sociedade maceioense e pela imprensa para corroborar que o afundamento é consequência da mineração e, portanto, responsabilidade direta da empresa.
Neste período, várias pesquisas voltaram-se para o grave problema, de pesquisadores da Ufal e de outras Universidades. No Repositório da Ufal, é possível encontrar trabalhos como: Responsabilidade civil da pessoa jurídica por dano ambiental: uma análise frente ao caso do incidente no bairro do Pinheiro, Maceió/AL, trabalho de conclusão de curso de Maria Izabelly Batista da Silva, de 2020; ou mais antigos, como: O discurso da educação ambiental em Alagoas: do ambientalismo radical ao cinismo empresarial, Sóstenes Ericson Vicente da de Silva, de 2015.
Também há estudos em parceria com pesquisadores de várias universidades, como o artigo: A importância das estruturas geológicas no fenômeno de subsidência no campo de dissolução de sal de Maceió (Brasil), tendo como um dos autores o professor Marcos Eduardo Hartwig, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Há também um artigo de pesquisadores alemães, que destaca o silêncio de mais de uma década sobre os riscos da subsidência nos bairros de Maceió: A decade-long silent ground subsidence hazard culminating in a metropolitan disaster in Maceió, Brazil, foi publicado em 2021.
Em 2020, a Justiça de Alagoas determinou que a Braskem pagasse indenização às famílias afetadas pelo afundamento. A empresa também foi condenada a reparar os danos ambientais causados. O caso do afundamento de Maceió é um exemplo da importância da ciência para a tomada de decisões. Os pesquisadores da Ufal e de outras universidades alertaram para os riscos da mineração de sal-gema, mas suas vozes não foram ouvidas. O resultado é essa tragédia que causa prejuízos materiais e emocionais a milhares de pessoas.
Nota de correção: na versão inicial dessa matéria, citamos dois artigos encontrados em buscas na internet que fazem referência à subsidência, publicados em revistas científicas. Porém, não conseguimos encontrar o link da publicação e nem o PDF. Por isso, optamos por retirá-los e refazer a matéria. Pedimos desculpas às pessoas que, inadvertidamente, reproduziram nosso equivoco.
Leia mais publicações sobre o afundamento dos bairros, publicadas pela Ufal:
2019
Lapis monitora chuvas e contribui com alerta para áreas de risco
https://ufal.br/ufal/noticias/2019/5/lapis-monitora-chuvas-e-contribui-com-alerta-para-areas-de-risco/view
Ufal e Sociedade 25 - Quebramento nos bairros de Maceió
2020
Ufal será Verificador Independente para cobrar indenizações do Pinheiro
2021
Ministra corregedora se reúne com reitor em busca de ajuda a vítimas de mineradora
Pesquisadores participam de debate sobre a subsidência nos bairros de Maceió
https://ufal.br/servidor/noticias/2021/12/pesquisadores-participam-de-debate-sobre-a-subsidencia-nos-bairros-de-maceio/view
Professoras de Arquitetura e Urbanismo participam de ato público
2022
Pesquisa de professor de Arapiraca é destaque em evento nacional
Paulo Simões analisa discurso dos envolvidos no problema de afundamento do solo em Maceió
Pesquisadores participam de reunião da comunidade afetada pela mineração
2023
Artigo sobre afundamento dos bairros de Maceió é publicado em revista internacional
Tragédia ambiental em Maceió vira pesquisa da Ufal em parceria com UNB e UFPE